História, tradição, folclore e amor!

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

MENINOS DA BAIXA MOSTRAM TALENTO NO PROJETO OCA DO SABER


O surgimento, a evolução da brincadeira do boi-bumbá e as conquistas artísticas do Boi Garantido foram apresentadas ontem (21), no curral Lindolfo Monte Verde, em Parintins, pelos meninos e meninas que participam da “Universidade do Folclore”, inseridos no projeto “Oca do Saber”, desenvolvido no Centro Educacional Paulo Faria. O evento encerrou as atividades do primeiro semestre do projeto, que foi inaugurado no ano passado. A programação envolveu mais de 300 crianças, adolescentes e jovens que durante os últimos seis meses participaram das oficinas de dança, música, artesanato, teclado, cavaquinho, flauta e arte cênica.

O coordenador da Universidade do Folclore, Chrystian Bulcão, apresentou o projeto ao presidente Telo Pinto e a diretora social Aparecida Silva. Telo revelou que o projeto é a “menina dos olhos” da atual administração do boi encarnado. “Todo mundo sabe que o Garantido sabe valorizar e repassar sua história, sem modificar ou inserir outros valores. Esse evento é especial porque abrange os diversos segmentos históricos. Também nos deixa satisfeito pelo resultado obtidos com às crianças”, constatou o presidente.

Durante o curso,os alunos fizeram trabalho bibliográfico, de campo e de entrevistas, aprofundamento das letras das toadas e seus respectivos compositores, sempre orientados pelos monitores do Centro Educacional. “A exposição mostrou muitas surpresas como é o estilo do boi Garantido. Afinal, essa é a marca do nosso boi”, definiu Cristian, que exaltou a evolução de cada aluno inscrito. “Os alunos não estão apenas reproduzindo sons e desenhando traços, mas criando. No projeto o aluno não aprende apenas, mas utiliza os instrumentos, além de descobrir em que contexto histórico e o porquê do foi criado”, disse.

O coordenador lembrou que os alunos receberam formação musical: no acordeom, estruturas de ritmos, estruturas melódicas, estrutura de harmonia e leitura de partitura. “Somos o primeiro centro de formação a realizar esse trabalho. Os alunos aprendem leitura de partituras”, afirma Bulcão.

A exposição fez uma retrospectiva - em forma de música, dança, artesanato, poesias e desenhos - da história do Boi-bumbá Garantido. Começou com o nascimento de Lindolfo Marinho da Silva em 1902, na baixa da Xanda, que mais tarde se tornou Lindolfo Monteverde; as saídas de ruas do Vermelho e Branco; as fogueiras; a religiosidade da comunidade de São José; a ladainha a São João Batista; os primeiros compositores; antigos itens; a primeira disputa; a primeira de sucessivas vitórias; as famílias identificadas que ajudaram financeiramente o Garantido, os padrinhos do boi, a morte do mestre Lindolfo, a evolução das alegorias, das toadas; o aprimoramento artístico até os dias atuais.

A criação do brinquedo de São João foi de responsabilidade dos alunos de arte cênica do professor Tarcisio Gonzaga. Ao som da toada “Folguedo Brasileiro”, as crianças da oficina de desenho de responsabilidade de Adriana e Rob Barbosa, em quatro minutos desenvolveram desenhos com animais da fauna e flora da Amazônia e figuras retratando a Parintins do século passado.

Os curumins da Baixa, na oficina de dança, exaltaram a Amazônia na toada “Amazônia em Aquarel”, com orientação dos monitores Hélio Siqueira e Pedro Evangelista. Elder Reis coordenou o quarto ato, onde os meninos da oficina de violão executaram a toada “3ª Evolução”, do compositor Tadeu Garcia. A oficina de cavaquinho executou a música classe 5ª Sinfonia de Beethoven e ainda a toada “Vermelho”, sucesso internacional do Boi Garantido, que estourou na voz de Fafá de Belém. A mistura de teclado e flauta que os meninos fizeram emocionou o público ao executar a toada mais tocada do festival do ano passado “Baías do Círculo Sagrado” e ainda “Orquestra Amazônica”.

As crianças também realizaram desfile com mostras da oficina artesanato em papel. A apoteose da programação teve o apresentador campeão Israel Paulain, relembrando a década de 90. “Alô alô galera vermelha e branca, chegou, chegou a hora do povo fazer a corrente. Esse é o boi valente que mexe com a gente, faz arrepiar. Esse é o boi Garantido garrote aguerrido, igual a ele não há...”, cantou Israel.

Uma chuva mandada por São Pedro abrilhantou e coroou o trabalho desses pequenos futuros talentos do boi Garantido.

A diretoria do Boi do Povão contratou monitores que estão graduando-se em artes plásticas pela UFAM e graduados em Artes e Educação com habilitação em música pela UFPA, além de pessoas com cursos técnicos em dança teclado e flauta.

(Texto: assessoria do boi-bumbá Garantido/ Fotos: Paulo Sicsú)

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